Sabesp inicia captação de água do volume morto do Sistema Cantareira

São Paulo (Agência Hoje) - A Sabesp iniciou nesta quinta-feira, 15, a captação de água da chamada reserva técnica do Sistema Cantareira, localizado entre os municípios de Piracaia e Joanópolis, a 75 quilômetros de São Paulo. O serviço está sendo feito através de bombas instaladas nos últimos 60 dias, em caráter emergencial.

A água retirada do volume morto, ou reserva técnica como prefere o governador Geraldo Alckmin, tem aproximadamente 182,5 bilhões de litros, está armazenada na represa Jaguari/Jacarei e servirá para atender prioritariamente os moradores da região norte de São Paulo. Depois de bombeada, ela será direcionada para a estação de tratamento do Sistema Cantareira no Guaraú e após avaliação técnica da Cetesb e da Vigilância Sanitária seguirá para as residências.

"Estão falando muita bobagem sobre essa água", comentou um professor aposentado da USP que não quis se identificar. "A água do volume morto é tão limpa quanto a outra, talvez até mais. Em um volume imenso de água como esse, não existem sedimentos, sujeira, nada além do normal. Se alguma coisa do tipo ocorrer será no final, quando essa reserva estiver com menos de 10 bilhões de litros. Estamos com 182 bilhões, muito longe dessa situação".

Domingo nas Torneiras

A expectativa dos técnicos da Sabesp é de que a água captada nesta quinta-feira chegará aos consumidores da zona norte de São Paulo no próximo domingo, 18. O sistema de bombeamento deverá funcionar 24 horas por dia e permitirá que o volume retirado da represa seja enviado para a estação de tratamento do Guaraú. O monitoramento será constante em todas etapas.

Com a operação, ainda de acordo com a Sabesp, o nível do Sistema Cantareira ganhará mais 182,5 bilhões de litros de água, aumentando o nível para 18,5% a partir desta sexta-feira, 16.

"Esta água não era utilizada porque estava abaixo do sistema de bombeamento e captação. É uma água totalmente testada e aprovada pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambienta), igual às demais águas", afirmou o governador durante o acionamento do mecanismo que levará a água para a estação de tratamento do Guaraú. O projeto conta ainda com uma segunda etapa de equipamentos em fase de instalação na represa Atibainha.

A obra emergencial feita pela Sabesp, ao custo aproximado de R$ 80 milhões, é composta por 17 bombas flutuantes, que devem retirar o volume de água abaixo da comporta de captação das represas e encaminhá-lo aos túneis, seguindo o trajeto normal até a Estação de Tratamento de Água Guaraú, na zona norte da capital.

"Estamos trabalhando 24 horas com todo o empenho em engenharia técnica para garantir o abastecimento da população", disse Alckmin, ao lado dos técnicos da Sabesp e da Cetesb. O governador tentou disfarçar, mas estava visivelmente emocionado e satisfeito com os primeiros resultados.

Água Certificada

Na estação, a água recebe tratamento dentro dos padrões de qualidade seguidos pela Sabesp. A água distribuída à população respeita a portaria 2.914 do Ministério da Saúde e é analisada nos laboratórios da companhia, que seguem as normas NBR ISO/IEC-17025 e são certificados pelo Inmetro.

A reserva técnica possui a mesma água do atual volume útil do sistema e já é utilizada pelas cidades da região de Campinas para abastecimento. É a água desse volume que é liberada das represas pelos rios que seguem até a região.

"Dos 400 milhões de metros cúbicos da reserva técnica, 182,5 milhões já começaram a ser bombeados hoje", explicou o governador. Esse recurso será utilizado para abastecer a população da Região Metropolitana de São Paulo até março de 2015. "Um estudo mostra que nós conseguiremos passar o período da estiagem", completou Alckmin.

De acordo com o governador, caso o volume de chuvas em São Paulo volte à normalidade, o uso da reserva técnica deverá ser suspenso, com retorno ao modelo de captação anterior.

O período de estiagem na região sudeste e particularmente em São Paulo chegou a uma situação crítica em maio. Nos últimos 30 dias, o total de chuvas nos locais onde ficam as represas do Sistema Cantareira foi de apenas 1mm. No mesmo período do ano passado, o índice chegou a 83,2mm. O recorde máximo histórico é de 264,6mm.