Salários em Portugal diminuem devido à crise econômica - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 28/03/2024
 
05/09/2013 - 10h23m

Salários em Portugal diminuem devido à crise econômica

Agência Brasil/Gilberto Costa 
Divulgação
Pelo segundo ano seguido, os salários caem em Portugal por causa da crise no país
Pelo segundo ano seguido, os salários caem em Portugal por causa da crise no país

Lisboa – Pelo segundo ano consecutivo, os salários pagos pelas empresas em Portugal diminuíram. A queda é “devido ao efeito da substituição de colaboradores [empregados] contratados com níveis salariais mais baixos para as mesmas funções”, aponta pesquisa de mercado feita pela consultora norte-americana Mercer, com sede em diversos países de todos os continentes, inclusive Brasil e Portugal.

A redução real dos salários em Portugal ocorre “em todos os grupos funcionais”, especialmente em atividades como direção-geral e administração (-4,94%) e nos postos comerciais e de vendas (-1,48%). De acordo com Tiago Borges, responsável pelos estudos de mercado da Mercer em Portugal, assiste-se no país “uma política muito conservadora relativamente aos incrementos salariais em toda a estrutura das empresas”.

A pesquisa – relativa a 114.526 postos de trabalho em 300 empresas sediadas no país, revela que quase um terço das companhias congelaram o salário nos últimos anos. Com o salário inalterado e os preços subindo, o poder de compra do trabalhador caiu. Dados do Banco de Portugal revelam que no ano passado, a taxa de inflação retirou 2,8% do poder aquisitivo; e em 2011, 3,6%.

Além da ligeira inflação, a contenção dos salários se dá em contexto de recessão e de desemprego. Ao final de junho, conforme números oficiais revelam, havia mais de 886 mil pessoas desempregadas, taxa de 16,9% da população economicamente ativa (quase 20% na região metropolitana de Lisboa).

A maioria das empresas (65%) ouvidas pela pesquisa da Mercer pretende manter o número atual de empregados até o final do ano. “Ainda assim, uma percentagem relevante de organizações (18%) manifestou intenção de reduzir o seu quadro de pessoal”, assinala o estudo. Para 2014, a estimativa é de que 13% das empresas reduzam seu quadro de pessoal.

Nos dois últimos anos, a recessão sobre o Produto Interno Bruto foi -1,6% e -3,2%, o que contribuiu para a paralisação de um quarto da capacidade produtiva das indústrias e reforçou a insolvência de empresas (5,4 mil até março) e das famílias (687 mil até junho), conforme dados compilados pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Para aumentar o poder aquisitivo das famílias, a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) anunciou ontem (4) que vai iniciar uma campanha por aumento salarial de 3% no próximo ano e que o salário mínimo em Portugal suba para 515 euros (cerca de R$ 1,6 mil), 30 euros a mais do que os atuais 485 euros, valor congelado há dois anos.

O Fórum Econômico Mundial também divulgou ontem que Portugal caiu duas posições no ranking mundial de competitividade e ficou em 51º lugar, cinco posições à frente do Brasil, em um universo de 148 países.

Para Tiago Borges, a contenção dos salários poderá repercutir em breve no índice de competitividade de Portugal. “Não tendo autonomia cambial por estar na zona do euro, a contenção de salários é uma forma de baixar custos de produtos e serviços e, com isso, aumentar a capacidade de exportação”, explicou Tiago Borges à Agência Brasil.

Segundo o especialista, os sindicatos portugueses têm visão oposta à dos credores do programa de ajustamento econômico. Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e a Comissão Europeia, que formam a Troika, são contrários a aumento de salários por temer diminuição de competitividade e aumento de custos e do desemprego. Por outro lado, a CGTP assinala que o país já tem um dos níveis salariais mais baixos da Europa. “São visões distintas que precisam ser contrabalanceadas”, assinalou Tiago Borges.

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