Sem criatividade, Brasil não consegue superar marcação mexicana e fica no empate, 0 a 0
Fortaleza (Agência Hoje/Edmundo Fortes, enviado especial) - A seleção brasileira tentou, mas não conseguiu superar o forte bloqueio imposto pelos jogadores do México na partida desta terça-feira, 17, realizada na Arena Castelão, em Fortaleza, e que terminou em 0 a 0. Sem a criatividade habitual, os brasileiros se destacaram mais pela garra do que pela objetividade.
Oscar, Fred e o próprio Neymar, que jogaram muito na vitória de 3 a 1 sobre a Croácia, quinta-feira passada, não se deram bem contra o México. A seleção começou na defensiva, permitiu o avanço dos mexicanos, claramente perdeu o controle do meio campo e demorou a sair da para o ataque. Quando o fez, esbarrou na forte marcação do adversário.
No segundo tempo, Luiz Felipe Scolari fez substituições e tentou empurrar o time para o ataque, quase em desespero, mas a falta de criatividade continuava. Nos poucos avanços feitos, quem aparecia eram os jogadores da defesa. Fred jogou de costas para o gol adversário, recebeu pouquíssimas bolas e ficou isolado, sem poder participação nas jogadas dos companheiros.
Neymar, mesmo sem o brilho de jogos anteriores, foi o único a representar perigo constante, tanto na distribuição próximo ao meio de campo, como nas tentativas de infiltração perto da área. Paulinho também não se deu bem, não distribuiu as bolas e tampouco arriscou chutes a gol, o seu forte quando se consagrou na Copa das Confederações. O destaque do jogo, pelo lado brasileiro, foi Marcelo.
Comentaristas de emissoras de jornais, rádios e emissoras de TV, foram unânimes em afirmar que a seleção brasileira entrou em campo na defensiva, com um certo receio da seleção do México e esse excesso de cuidado terminou por atrapalhar. Sem avançar na hora certa e sem arriscar, a seleção só foi a área adversária em cruzamentos e bolas paradas.
Nas arquibancadas, a torcida cantou e torceu o tempo todo, sem vaiar. No final, porém, ficou a frustração de ver os brasileiros pouco agressivos. Para muitos moradores locais e turistas, o Brasil pecou pela falta de ousadia e foi castigado, empatando uma partida que podia vencer com relativa facilidade.
"O Brasil entrou em campo engessado, aparentando medo do México, e isso atrapalhou", analisou Ernesto Valois, médico radicado em Recife e que viajou mais de mil quilômetros para assitir o jogo em Fortaleza. "O futebol brasileiro é alegre, ousado. Quando joga assim, vence. Se mudar o estilo, ficar respeitoso, amedrontado, fatalmente fracassa".
O empate de 0 a 0 com o México não agradou ninguém. Comerciante, dona Maria Cícera de Oliveira, disse que não gostou do jogo e nem do time de Felipão. "Quase botei o coração pela boca, vi esforço e correria e só. Esse time do México é limitado, não é páreo para o Brasil, era jogo para ganharmos fácil, com dois ou três gols de diferença", desabafa.
Do lado mexicano, o goleiro Ochoa se consagrou pelas quatro defesas difíceis que fez. Ao sair de campo, ele confessou que esta "foi a melhor partida da minha vida". Para ele, a bola cabeceada por Neymar foi a mais complicada. "A bola ffoi perto da trave, tive que me esforçar muito para conseguir defender e garantir o zero a zero".
Muito Carinho
Durante os dois dias em que ficaram em Fortaleza, hospedados no Hotel Marina Park, a comissão técnica e os jogadores da seleção, foram tratados com muito carinho pela torcida. Aclamados em várias ocasiões, eles chegaram a se emocionar no trajeto até a Arena Castelão, quando uma multidão com bandeiras e camisas verde-amarelas aplaudia sem parar.
O capitão Thiago Silva, na chegada ao estádio, disse que a manifestação dos torcedores deixou todos emocionados no ônibus da delegação. O atacante Fred também ficou tocado pelo que acabara de presenciar. "Aqui no Nordeste é sempre assim. O povo ama a Seleção. Só temos de agradecer", disse ele.
As torcidas de Brasil e México fizeram o grande espetáculo em Fortaleza. Apaixomados, eles lotaram a Arena, cantaram, gritaram e incentivaram seus jogadores. Vestidos com inúmeras fantasias com as cores de seus países e personagens típicos nacionais passaram os mais de 90 minutos em harmonia, sem brigas ou discussões.
A maioria dos brasileiros se vestiu de amarelo, enquanto os mexicanos optaram pelo verde tradicional. Muitos turistas fantasiados de "Chapolim", despertavam a atenção e eram chamados para tirar fotos com os moradores locais.
A estimativa é de que a Arena Castelão recebeu 16.614 torcedores estrangeiros, a grande maioria formada por mexicanos. Pelo menos 47.286 brasileiros pagaram ingresso para assistir o 0 a 0 entre as duas seleções. Se o futebol foi fraco e sem gols, pelo menos a festa valeu a pena.
Veja o que aconteceu no 0 a 0 entre Brasil e México:
- Melhor do jogo, segundo a Fifa - Ochoa, goleiro do México
- Brasileiros que mais atacaram - Neymar, Fred, Thiago Silva e Paulinho
- Com empate, seleção brasileira fica em 1º lugar, com quatro pontos
- Primeira mudança no Brasil; saiu Ramirez com cartão amarelo e entrou Bernard
- Segunda mudança no Brasil: saiu Fred e entrou Jô
- Terceira mudança no Brasil: saiu Oscar e entrou William
- Próximo jogo do Brasil: contra Camarões, segunda-feira, dia 23, em Brasília, às 17h
