Senador Roger Pinto Molina disse que saiu da Bolívia para reconstruir a vida no Brasil - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 26/04/2024
 
25/08/2013 - 22h33m

Senador Roger Pinto Molina disse que saiu da Bolívia para reconstruir a vida no Brasil

Agência Brasil/Renata Giraldi 

Brasília – Após 455 dias abrigado na Embaixada do Brasil na Bolívia, o senador de oposição Roger Pinto Molina, de 53 anos, disse hoje (25) à Agência Brasil que sonha em reencontrar a família, reconquistar a liberdade e reconstruir a vida. Sofrendo de cálculo renal e demonstrando sentimentos que intercalam tristeza e melancolia, Pinto Molina se disse “muito agradecido” à presidente Dilma Rousseff e à sociedade brasileira. “Só tenho a agradecer à presidente e ao povo brasileiro por compreenderem o que se passava comigo”.

Para chegar ao Brasil, o senador boliviano enfrentou 21 horas e meia de viagem de carro, saindo de La Paz, a capital boliviana, passando por Cochabamba, Santa Cruz de La Sierra, Puerto Soares até chegar à cidade brasileira de Corumbá (MT). Como está enfrentando um problema renal, ele pediu para o carro parar por duas vezes, porque teve náuseas e mal-estar. Mas, agora, já em Brasília, o senador se disse feliz e confiante. A seguir, os principais trechos da entrevista de Pinto Molina à Agência Brasil.

Agência Brasil – O que senhor planeja fazer agora que está no Brasil?

Roger Pinto Molina – Quero reencontrar minha mulher e minhas filhas [elas estão no Brasil desde o ano passado] e tomar decisões de forma conjunta. Não é fácil pensar em reconstruir a vida. Mas tenho fé em Deus e confiança, que tudo se acertará. Sou advogado por formação profissional.

ABr – O senhor se sente seguro agora?

Pinto Molina – Só tenho a agradecer a presidente Dilma [Rousseff] ao povo e toda a sociedade brasileira por terem compreendido o que se passava comigo. Todos entenderam que havia ausência de justiça e que eu, um senador de oposição, era um perseguido.

ABr – Mas o senhor deixou bens, propriedades e uma vida na Bolívia.

Pinto Molina – Sim, é verdade. Mas a liberdade vale mais do que qualquer bem material. Por isso, estou aqui. Passei 455 dias sem ver a luz do sol e privado da liberdade. A vida sempre encontra alternativas e eu confio nisso.

ABr – O governo da Bolívia diz que o senhor é acusado de vários crimes, como desvio de recursos públicos. O que senhor responde a isso?

Pinto Molina – Todas as acusações são políticas. Não sou um criminoso, nem perseguido pela Justiça do meu país, mas, sim, um perseguido pelo governo [atual] da Bolívia. Essa é a realidade.

ABr – O senhor pensa em um dia voltar à Bolívia?

Pinto Molina – Oxalá isso ocorra mais cedo do que parece. Confio na possibilidade de retornar à Bolívia. Defendo a liberdade e a democracia, e acredito que um dia meu país poderá viver isso plenamente.

Ministério das Relações Exteriores abrirá inquérito para apurar entrada no Brasil de senador boliviano

ITAMARATY ABRIRÁ INQUÉRITO PARA APURAR ENTRADA DO SENADOR NO BRASIL

Brasília (Agência Brasil/Ivan Richard) - O Ministério das Relações Exteriores informou hoje (25), por meio de nota, que abrirá um inquerito para apurar as circunstâncias da entrada no Brasil do senador boliviano Roger Pinto Molina, que estava asilado há mais de um ano na embaixada brasileira na Bolívia. O boliviano chegou neste domingo ao país acompanhado do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

O Itamaraty informou que o encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, ministro Eduardo Saboia, foi chamado ao país para prestar esclarecimento.

“O ministério está reunindo elementos acerca das circunstâncias em que se verificou a saída do senador boliviano da embaixada brasileira e de sua entrada em território nacional. O Ministério das Relações Exteriores abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis”, diz trecho da nota.

O senador boliviano, que aguardava um salvo-conduto para sair o país, deixou no sábado (24) a embaixada brasileira em La Paz com destino ao Brasil. O advogado do senador, Fernando Tibúrcio, confirmou à Agência Brasil que o parlamentar deixou com segurança a representação diplomática brasileira, mas ainda não está definido o local do Brasil onde Pinto Molina viverá.

Molina, que faz oposição ao governo de Evo Morales, ficou quase 15 meses abrigado na Embaixada do Brasil em La Paz desde que pediu asilo político ao Brasil. O salvo-conduto era negado pelas autoridades bolivianas que alegavam que o parlamentar responde a processos judiciais no país.

BOLÍVIA DIZ QUE SAÍDA DO SENADOR NÃO AFETARÁ RELAÇÕES COM BRASIL

Brasília (Agência Brasil/Ivan Richard) - A chegada do senador boliviano Roger Pinto Molina ao Brasil não afetará a relação bilateral dos países, disse hoje (25) a ministra da Comunicação boliviana, Amanda Davila. Segundo a Agência Boliviana de Informações (ABI), a ministra ressaltou que a relação entre os países continuará “em absoluto calor e respeito”.

Depois de ficar abrigado por 15 meses na embaixada brasileira em La Paz, Molina deixou sábado (24) a representação diplomática brasileira e entrou no Brasil sem receber salvo-conduto do governo Evo Morales. Hoje (25), o Ministério das Relações Exteriores informou que abrirá inquérito para apurar o episódio.

"Este caso não afetará as relações com o Brasil. As relações entre a Bolívia e o Brasil serão mantidas em situação de absoluta cordialidade e respeito. O governo boliviano e o presidente Evo Morales sempre manifestaram todo o seu carinho e respeito por todo à presidenta Dilma Rousseff e ao governo brasileiro ", disse Amanda Davila, segundo a ABI.

A ministra boliviana frisou que o senador de oposição está envolvido em, pelo menos, 14 crimes e tem manipulado as informações para dificultar as relações da Bolívia com o Brasil.

Molina, que faz oposição ao governo de Evo Morales, ficou quase 15 meses abrigado na embaixada brasileira da Bolívia desde que pediu asilo político ao Brasil. O salvo-conduto era negado pelas autoridades bolivianas que alegam que o parlamentar responde a processos judiciais no país.

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