Brasília - De acordo com um relatório do Ministério da Saúde, houve um crescimento acentuado dos casos de sífilis em gestantes e recém-nascidos desde 2008. A previsão é de mais 22 mil novos casos de sífilis congênita, em 2016, por todo o país.
Segundo o dermatologista Márcio Serra, a sífilis é uma doença infecciosa, sexualmente transmissível, resultante da infecção pela espiroqueta microaerofílica Treponema pallidum. Pode causar ulcerações, tanto no homem, quanto na mulher. Em seu estágio mais avançado, a doença pode causar cegueira, insanidade, paralisias, problemas cardíacos e até óbito. Além disso, a sífilis pode aumentar em 3 a 5 vezes a possibilidade de transmissão do HIV.
O que preocupa é o aumento de casos registrados no país. O estado do Rio, com 3.017 casos diagnosticados, foi a região com maior registro no ano passado, seguido por São Paulo, com 2.810.
Na comparação entre 2013 e 2014, os outros estados que registraram aumento foram Acre (96,1%), Pernambuco (94,4%), Paraná (63,1%), Tocantins (60%), Bahia (47%), Santa Catarina (34,1%), Distrito Federal (22%), Mato Grosso do Sul (6%), Mato Grosso (4,1%) e Sergipe (3,8%). No Espírito Santo e no Rio Grande do Norte, que têm dados disponíveis só até 2013, o aumento registrado entre 2012 e 2013 foi de, respectivamente, 31% e 31,5%. O estado do Amazonas foi o único que registrou queda do número de casos. Entre 2013 e 2014, as ocorrências diminuíram 20,2%.
O problema de um diagnóstico precoce se dá porque, como a sífilis no estágio inicial, aparece com uma pequena lesão, indolor, em uma região, geralmente, de difícil visibilidade, nem sempre o indivíduo consegue percebê-la. Além disso, nem todos os médicos pedem a sorologia para detectar a sífilis em exames de rotina.
De acordo com o especialista, o avanço da doença se deve, em grande parte, ao sexo sem camisinha. A maioria dos casais que já estão casados, não utilizam a camisinha, e se algum deles contrair a doença fora de casa, consequentemente, o outro também será infectado: “a mulher muitas vezes não tem força de voz, e acaba como a mais prejudicada nisso tudo, pois as vezes os maridos vão junto com a mulher em uma consulta, alegando que a mulher pegou a sífilis em um assento sanitário, pressionando o médico para não revelar a verdade, de que ela pegou a doença em uma relação sexual com o marido”.
A sífilis tem cura e o tratamento é barato, com penicilina, entretanto a falta de penicilina no Brasil, já foi um problema. Em relação a sífilis congênita, que é a transmissão da doença de mãe para filho, o especialista explica que o cuidado maior deve ser com a gestante, ou seja, tratar a gestante antes para que a criança não nasça com a doença. Caso o recém-nascido nasça com a doença, ele pode vir com má formação, até vir ao óbito. Sendo assim, o ideal é um bom pré-natal.
Márcio Serra dá dicas para se prevenir contra a doença: “a melhor forma de prevenção é o uso do preservativo, inclusive no sexo oral. Uma dica para as mulheres é colocar a camisinha nos homens para fazer o sexo oral, e para os homens é colocar a camisinha feminina ou cortar uma camisinha masculina e utilizá-la para cobrir a vagina e evitar que a língua entre em contato direto com a mucosa vaginal, ou até mesmo utilizar papel filme, na falta dela”.