Sobre as cidades, os muros e as calçadas, antes que eles sumam
São Paulo (Agência Hoje) - A arquitetura da cidade não tem sido um tema muito próximo das pessoas comuns. Embora essa afirmação possa parecer antagônica, porque é na cidade que a vida da maioria de nós se desenvolve. Estamos dentro da barriga da cidade, a cidade é nossa Moby Dick.
Mas não costumamos olhar a cidade, não costumamos ver a cidade. Um bom exercício para provar o quanto insensíveis estamos à nossa cidade seria transitar no sentido inverso pelas ruas que costumamos passar todo dia. Se pudéssemos passear no teto de um ônibus ou deitados na prancha de um skate, pelos mesmos lugares que passamos todos os dias, veríamos, com certeza, uma outra cidade.
Mas é claro que isso não podemos fazer. Nem é preciso, e esses exemplos servem apenas para ilustrar uma postura que é bem mais simples de adotar. O que podemos fazer é olhar o que está a nossa volta de outra forma e pensar nossa cidade, para onde ela está seguindo.
Algumas pessoas estão fazendo esse exercício, e mais, estão contribuindo para que todos possamos ver e entender o que se passa perto de nós. Tem pessoas que estão registrando e valorizando e divulgando as calçadas por onde andam e outras que fazem um apelo para que a gente olhe os muros. Pessoas estão querendo ver e viver a cidade antes que suma, registrando com carinho edifícios que já tiveram e que ainda têm valor, antes que sumam. Porque eles estão sumido.
Este texto é um convite para olharmos a nossa cidade com olhos de ver, seja ela pequena ou grande, velha ou nova, bonita ou feia. A cidade está viva e nós, vivos dentro dela. A cidade fala conosco e nó precisamos saber o que responder.
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* Sandra Vieira de Mello, CAU A16373-2 é Arquiteta e Urbanista. Contribuições para esta Editoria podem ser encaminhadas para o e-mail: hoje.sandra@gmail.com
