Contam os mais velhos que nos anos 80, o dono de uma pequena construtora executava uma obra no interior da Bahia e em certo momento sentiu que o faturamento obtido nas medições dos serviços realizados não seria suficiente para pagar os empregados e os materiais comprados à prazo. Lucro, nem pensar.
Preocupado, procurou o fiscal da obra, relatou o problema e perguntou quanto ele queria para "facilitar" umas medições e atestar que ele tinha executado mais do que realmente fizera. Indignado, o homem esbravejou, disse que era honesto, fez ameaças e colocou o empreiteiro falido para fora.
Sem saÃda, o dono da construtora resolveu tentar outro caminho. No dia seguinte, sol a pino, céu sem uma única nuvem, ele se aproximou do fiscal e disse: "aposto que hoje vai chover". O fiscal olhou para cima, coçou a cabeça e falou: "Ficou doido, não tem chance de chover, nem hoje e nem amanhã". "Pois eu aposto", insistiu.
E apostaram e repetiram a aposta, uma, duas, dez vezes. E sempre o fiscal ganhando. Até que em mais um belo dia de sol, o empreiteiro viu o fiscal colocando uma televisão de último modelo no carro. Logo depois, o homem se aproximou e perguntou: "E ai, de quanto vai ser a aposta hoje?". Para sua surpresa, o empreiteiro mudou o tom.
"Não tem mais aposta, parei de apostar". Assustado com a novidade que lhe tirava um bom dinheiro do bolso, ele questionou: "Mas não pode, você tem de apostar, eu fiz um monte de dÃvidas, como vou pagar sem ganhar as apostas?".
Horas depois entraram em acordo. As planilhas foram alteradas, o pequeno empreiteiro ganhou as "medições" que queria, o fiscal pagou suas dÃvidas e dai em diante se tornaram parceiros. Sem novas apostas.