Brasil joga mal contra o Chile. Júlio Cesar, heróico, pega dois pênaltis e garante próxima fase
Belo Horizonte (Agência Hoje/Edmundo Fortes, enviado especial) - A seleção brasileira jogou mal, Neymar esteve irreconhecível e a defesa falhou em várias oportunidades, mas mesmo assim os comandados de Felipão conseguiram segurar o empate de 1 a 1 contra o Chile no tempo normal e depois na prorrogação de 30 minutos.
Na hora dos penaltis, com os jogadores visivelmente nervosos, o goleiro Julio Cesar se superou, pegou as duas primeiras cobranças dos chilenos e desequilibou a disputa, praticamente garantindo a vitória. No final, com os torcedores gritando todo o tempo "Eu Acredito!", o Brasil fez 3 e o Chile 2. O resultado leva a seleção para as quartas de final.
David Luiz, o primeiro a bater, marcou, seguido por Marcelo e Neymar. Hulk e William perderam. Do lado brasileiro, Júlio Cesar defendeu os chutes de Pinilla e Alexis Sánchez. As defesas do goleiro brasileiro fizeram os outros chutadores chilenos perderem a concentração e no último chute, Jara cobrou na trave, decretando vitória do Brasil e a volta do Chile para casa.
Sem Pegada
O jogo foi difícil e os jogadores brasileiros atuaram sem a pegada de outras ocasiões. Ficavam assistindo os chilenos dominarem o meio de campo e fazerem jogadas com passes milimétricos, tanto para a direita quanto para a esquerda. Depois do gol, esperava-se uma melhora, mas não aconteceu.
Depois de marcar o gol de empate, aproveitando uma bola passada errada por Hulk e uma bobeada fenomenal da defesa, a seleção se perdeu completamente em campo e os jogadores não conseguiram se livrar das marcações. A equipe chilena usou a marcação sob pressão, eliminando o toque de bola da seleção. O domínio do campo era todo chileno.
Depois de terminar os 90 minutos regulamentares empatado em 1 a 1 e de seguir sem gols nos 30 minutos de prorrogação, as duas seleções seguiram para a disputa dos pênaltis, como o último recurso para definirem a vaga das quartas de final.
Ficava para trás um primeiro tempo apenas razoável para os brasileiros que foram salvos pelo gol do zagueiro David Luiz, numa jogada de bate-rebate na área do Chile. O empate veio através de Alexis Sánchez, também na etapa inicial. O segundo tempo pegou um Brasil desorganizado, jogando muito mal e perdendo divididas.
Felipão demorou a fazer mudanças e permitiu que o time ficasse apático, sem reação. O domínio foi total do Chile, dono da posse de bola em 60% do tempo. O time brasileiro só voltou a praticar um futebol melhor na prorrogação, quando colocou a bola no chão, controlou o meio de campo e distribuiu as jogadas de forma inteligente.
Juiz Péssimo
O juiz da partida, o alemão Howard Webb, fez um trabalho péssimo. Interrompeu jogadas limpas, anulou um gol legítimo de Hulk, alegando que ele ajeitou a bola com a mão, não marcou um pênalti claro também em Hulk e permitiu que os jogadores do Chile abusassem das simulações, marcando faltas inexistentes.
O Brasil ganhou nos pênaltis, mas leva para as quartas de final da Copa do Mundo de 2014 um time inseguro, sem padrão de jogo e excessivamente dependente de Neymar. Quando ele não joga bem, como aconteceu neste sábado no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, o time fica solto, sem criatividade e sem saber o que fazer.
Ficou configurado também que o comando de Felipão é fraco. No final do segundo tempo, ele gritava e gesticulava mais para o juiz de linha do que para os seus próprios jogadores. No intervalo para o início da prorrogação, foram os próprios jogadores que tomaram a frente, se abraçaram, discutiram jogadas e tomaram as decisões. Emocionado, o técnico só reclamava.
Para os próximos jogos, o Brasil precisa melhorar muito para pensar em chegar às finais e ao título. Como está, o meio campo não tem ritmo, é falho e não faz a ligação entre defesa e ataque. A seleção chilena jogou bem, mas continua muito longe dos fortes times da Holanda, Alemanha e Argentina.
O mais bonito de tudo é que os torcedores brasileiros incentivaram o Brasil o tempo todo, mesmo quando a seleção não estava bem em campo. Com gritos de "o campeão voltou", "vai Brasil" e "eu acredito", a arquibancada fez de tudo para animar os jogadores. A vitória nos pênaltis foi boa, por ter sido dramática, mas quem esteve no campo vendo o jogo ficou certo de que a seleção ficou muito perto de dar um vexame.
