Dilma afirma que espionagem dos EUA é afronta aos brasileiros - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 29/04/2024
 
24/09/2013 - 13h04m

Dilma afirma que espionagem dos EUA é afronta aos brasileiros

Agência Brasil/Danilo Macedo 
PR/Roberto Suckert Filho
Dilma faz discurso duro na ONU e reclama de espionagem norte-americana
Dilma faz discurso duro na ONU e reclama de espionagem norte-americana

Brasília - A presidente Dilma Rousseff propôs hoje, ao abrir a 68ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, o estabelecimento de um marco civil multilateral para a governança e uso da internet na proteção de dados. Segundo ela, a espionagem dos Estados Unidos – a cidadãos, ao governo e a empresas brasileiras – transcende o relacionamento entre os países, afeta a comunidade internacional e exige uma resposta.

“As tecnologias de telecomunicação e informação não podem ser um novo campo de batalha entre os Estados. Este é o momento de criarmos as condições para evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como arma de guerra por meio da espionagem, da sabotagem, dos ataques contra o sistema e infraestrutura de outros países”, disse Dilma. “A ONU deve desempenhar um papel de liderança no esforço de regular o comportamento dos Estados ante essas tecnologias e a importância da internet para a construção da democracia no mundo.”

Dilma disse que a revelações das atividades de espionagem provocaram indignação e repúdio na opinião pública mundial, com destaque para o Brasil, que foi alvo, incluindo informações empresariais de alto valor econômico estratégico. Dilma ressaltou que uma soberania não se pode firmar em detrimento de outra. “Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos e fundamentais dos cidadãos de outro país. Pior ainda quando empresas privadas estão sustentando essa espionagem”, disse. Segundo ela, os argumentos de que a interceptação ilegal de informações e dados destinam-se a proteger as nações contra o terrorismo não se sustentam.

Antes do início da sessão, Dilma se reuniu com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ele e John Ashe, presidente desta sessão da Assembleia Geral da ONU, abriram o evento antes do discurso de Dilma. A tradição de o primeiro orador na Assembleia Geral da ONU ser um brasileiro surgiu a partir de Oswaldo Aranha, então chefe da delegação do Brasil, que abriu a primeira sessão especial em 1947.

Dilma chegou ontem às 6h55 a Nova York. À noite, ela teve duas reuniões no hotel onde está hospedada. Uma com o ex-presidente norte-americano Bill Clinton e outra com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

Dilma ainda participa da primeira reunião do Fórum de Alto Nível de Desenvolvimento Sustentável, que reunirá, a partir desta sessão, ministros de Meio Ambiente anualmente e chefes de Estado a cada quadriênio. A meta é implementar as metas estabelecidas no documento final da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, intitulado O Futuro Que Queremos. Os países se comprometeram, durante a conferência do Rio de janeiro, em 2012, a definir objetivos concretos e mensuráveis para a eliminação da pobreza e da fome no mundo com desenvolvimento sustentável.

DILMA VÊ ESPIONAGEM AMERICANA COMO AFRONTA E DIZ QUE BRASIL VAI SE PROTEGER

Brasília (Agência Brasil/Danilo Macedo) - Ao criticar hoje (24), na abertura da 68ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, a prática de espionagem dos Estados Unidos a outros países, incluindo o Brasil, a presidenta Dilma Rousseff disse que o país vai implementar esforços, legislação e tecnologias para se proteger.

“O Brasil redobrará os esforços para dotar-se de legislação, tecnologias e mecanismos que nos protejam da interceptação ilegal de comunicações e dados”, destacou. “Meu governo fará tudo que estiver ao alcance para defender os direitos humanos de todos os brasileiros e de todos os cidadãos do mundo e proteger os frutos da engenhosidade de nossos trabalhadores e de nossas empresas”, disse, ao se referir à espionagem industrial.

A prioridade do governo brasileiro contra a espionagem norte-americana surgiu a partir das denúncias publicadas nos últimos meses feitas pelo norte-americano Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa que prestava serviço para o governo dos Estados Unidos. Há denúncias de que cidadãos comuns de vários países e, inclusive, a presidenta Dilma Rousseff, seus assessores e a Petrobras tenham sido espionados.

“Informações empresariais – muitas vezes, de alto valor econômico e mesmo estratégico – estiveram na mira da espionagem. Também representações diplomáticas brasileiras, entre elas a missão permanente nas Nações Unidas e a própria Presidência da República, tiveram suas comunicações interceptadas”, disse Dilma no discurso.

A presidenta disse que a “intrusão” fere o direito internacional e “afronta” os princípios que regem as relações entre nações amigas. Ela ressaltou ainda que o direito à segurança dos cidadãos de um país não justifica a violação de direitos humanos da população de outra nação. Essa situação piora, segundo Dilma, quando empresas privadas sustentam essa espionagem.

O Brasil não abriga e sabe se proteger contra grupos terroristas, destacou ela no discurso. “Não se sustentam argumentos de que a interceptação ilegal de informações e dados destina-se a proteger nações contra o terrorismo. O Brasil sabe proteger-se. Repudia, combate e não dá abrigo a grupos terroristas.”

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