Gravidade, filme tenso e surpreendente, é o melhor longa de ficção - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 30/04/2024
 
14/10/2013 - 09h12m

Gravidade, filme tenso e surpreendente, é o melhor longa de ficção

Agência Hoje/Lucas Rigaud 
Divulgação
Gravidade faz sucesso e arrecada US$ 55 milhões na primeira semana nos EUA
Gravidade faz sucesso e arrecada US$ 55 milhões na primeira semana nos EUA

Recife (Agência Hoje/Lucas Rigaud) - “Agoniante”, “surpreendente”, “original” e “tenso” são palavras que melhor descrevem o longa-metragem Gravidade (Gravity), a nova produção do mexicano Alfonso Cuarón (E Sua Mãe Também, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban). Na sua semana de estreia nos EUA, o filme arrecadou nada menos que US$ 55,5 milhões, tornando-se sucesso imediato.

Sendo considerado por muitos o melhor filme de ficção científica dos últimos anos (o cineasta James Cameron particularmente adorou, fazendo-lhe altos elogios) e já cotado para as indicações de melhor filme e diretor no Oscar 2014, Gravidade conta uma história que não necessita de reviravoltas enigmáticas, frases marcantes (apesar dos ótimos diálogos) e complexidades na trama, mas de outros elementos essenciais para chamar atenção do público, como: surpresas, aflições, tensões e, claro, o terror dos personagens e o incrível desenvolvimento da protagonista.

Na trama: a cientista médica Ryan Stone (Sandra Bullock) está em sua primeira missão espacial, ao lado do veterano astronauta Matt Kowalsky (George Clooney) e os outros tripulantes da nave Explorer. Quando Russos atiram em um dos seus satélites para destruí-lo, seus estilhaços provocam um desastre que destrói a nave, deixando Stone e Kowalsky como únicos sobreviventes. Os astronautas ficam, então, à deriva no espaço, ligados um ao outro apenas por um cabo. Uma história simples? De fato. Original? Muito. Um filme em que a história é o elemento que menos importa? Por incrível que pareça, sim!

A silenciosa imensidão do espaço, a distância da Terra, a falta de oxigênio e, principalmente, a impossibilidade de viver em órbita são desafios enfrentados não somente pelos personagens, mas também pelo público. A perfeição visual e sensitiva de Gravidade permite a quem assiste sentir-se, de fato, no filme.

O competente trabalho do diretor Alfonso Cuarón permitiu a realização do filme de ficção científica mais realista desde 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick. Em alguns momentos do longa, me veio em mente possíveis referências ao clássico de Kubrick que revolucionou o gênero e quem acreditou que Avatar (2009), de James Cameron, revolucionaria novamente o gênero para uma nova era de filmes com a temática espacial, pode estar enganado; felizmente, esse fato só aconteceu em 2013.

O que deixa Gravidade com mais realismo é o bom uso da câmera em primeira pessoa, durante os melhores momentos de tensão; a ausência de som, que, apesar de ser acompanhada com uma trilha sonora assustadoramente eletrizante de Steven Pride, não era realmente necessária (apenas os gritos e barulhos de respiração seriam suficientes para deixar as sequências mais épicas, mas a trilha não altera a qualidade destas) e as excelentes atuações.

Sandra Bullock enfrenta boa parte do filme sozinha, apreensiva em sua primeira missão fora da Terra, o que fez de sua personagem uma pessoa assustada que faz o possível para sobreviver. Bullock desempenhou um dos melhores papéis de sua vida, não só pela interpretação de uma “personagem assustada”, mas por seu desenvolvimento. Ao longo da trama, é visível uma transformação de sua personagem, tanto no caráter físico quanto psicológico.

George Clooney interpreta o veterano astronauta calmo e sarcástico, contador de histórias e desafiador de recordes, admirador da paisagem que muda de um homem com caráter bonachão e tranquilo para preocupado e estimulador, quando a acontece o acidente durante a missão. No começo, o público deve achar que o personagem de Clooney é apenas um alívio cômico, mas isso não é verdade; no final do filme, é notável que Kowalsky, apesar de aparecer menos que a dra. Stone, fora tão importante quanto a personagem principal.

Voltando aos recursos técnicos, apesar do perfeccionismo de Cuarón, era impossível um filme como Gravidade não deixar de ter alguns erros científicos. Alguns deles foram detectados pelo astrofísico norte-americano Neil deGrasse Tyson, que fez críticas à vários filmes de ficção científica; o físico, após assistir o filme, publicou em seu twitter: “Por que Bullock, uma médica, trabalha na manutenção do Telescópio Espacial Hubble?” “Por que o cabelo de Bullock não flutua sobre sua cabeça em algumas cenas convincentes de gravidade zero?”, entre outras coisas.

Apesar dos 12 tweets sobre o filme, Tyson alegou ter gostado de Gravidade. Claro que tais deslizes científicos não tiram a perfeição do longa; seu gênero já diz tudo: ficção-científica, que procura misturar o imaginário com o real. No caso da produção de Cuarón, o real, apesar das falhas apontadas por Tyson, é o ponto mais valorizado.

O belíssimo 3D é também um dos fatores que permite o público entrar no filme. Se o tradicional 3D foi uma experiência incrível, não consigo imaginar a sensação de agonia do começo ao fim do filme na sala IMAX. A ótima fotografia presente no longa, feita pelo computador, provavelmente, também é um belo recurso e acompanha as melhores cenas de voo e destruição em órbita.

Falando em cenas de voo, os atores tiveram de fazer treinos específicos para astronautas para encarar com perfeição o papel, simulando da melhor maneira um astronauta girando em órbita. Sandra Bullock teve de gravar a maioria das cenas em uma caixa vazia durante horas. Os excelentes efeitos visuais darão, com certeza, à Gravidade prêmios na categoria de melhores efeitos ou fotografia, além de outras indicações.

No final, Gravidade mostra que é possível encarar a paisagem além de admirá-la, pois a persistência da dra. Stone para voltar para Terra é o momento em que a personagem atinge seu nível máximo de maturidade e desenvolvimento, sendo o fato de ficar praticamente sozinha no espaço e lutar para retornar para casa um desafio que, futuramente, contribuísse para uma ação de alta dificuldade.

A perfeita mistura de ação, drama e ficção científica, momentos de extremo espanto e angústia protagonizados por ótimos artistas em mais um filme com o inquestionável talento de Alfonso Cuarón na direção. De fato, Gravidade fará, não só seus olhos saltarem das órbitas, mas os pulmões e coração saírem pela boca.

SERVIÇO

Gravidade (Gravity)

Direção: Alfonso Cuarón.

Produção: David Heyman, Alfonso Cuáron.

Roteiro: Alfonso Cuáron, Jonás Cuarón.

Trilha Sonora: Steven Price.

Elenco: Sandra Bullock, George Clooney, Ed Harris, Paul Sharma, Amy Warren.

Nota: 9

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